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Arquitetos: UNA Arquitetos
- Área: 7000 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Maíra Acayaba, Bebete Viégas
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Fabricantes: ACFC4, Arterra, Atlas, Atlas Schindler, Cyberglass, Deca, GstarCAD, Isonar, J Freire, Jatobá, Metalferco, PWJ esquadrias, Parket BMN Brasil, Planmetal, Tramontina, Trimble
Descrição enviada pela equipe de projeto. O bairro Itaim, próximo à Avenida Faria Lima, se encontra em profunda transformação. A antiga ocupação de pequenas casas assobradadas vem sendo substituída por torres. O projeto busca se inserir neste contexto como forma de mediação entre distintos tempos. O terreno possui localização especial, se abre para três ruas, incorpora duas esquinas. O vizinho direto é uma nova torre residencial de mais de vinte andares.
O edifício proposto se aproxima dessa construção ao lado em escala, porém se implanta recuado das esquinas. No térreo, a estratégia de ocupação deixa quase 50% do lote privado como área pública. Configura-se uma praça conectando três frentes, estabelecendo continuidade com os passeios do bairro. A praça, metade coberta, outra descoberta, é animada por café, jardins, bancos e uma linha d'água. Estabelece um novo padrão de urbanização, desejável numa cidade cujos espaços públicos são destratados. Poderia ser uma regra.
As atividades coletivas são valorizadas, distribuídas verticalmente, e estabelecem comunicação direta com a cidade. Acima da praça, nível 5,40m, há um andar livre com horta coletiva e jardim para moradores. O sistema fotovoltaico, gerando energia para consumo de luz da praça, aliado ao sistema solar de aquecimento de água foram instalados neste piso. A água descartada nos chuveiros das unidades é captada e levada ao reservatório no subsolo. Essa água é tratada para utilização na irrigação geral.
A horta comunitária foi projetada por um engenheiro agrônomo especializado em hortas urbanas. A irrigação, por gotejamento, economiza água. As espécies plantadas consideram sua localização e insolação. Todo o adubo é produzido com dejetos orgânicos dos próprios moradores, as novas mudas para reposição são criadas no viveiro. O lixo orgânico produzido no edifício é recolhido e colocado em duas composteiras. O adubo produzido será usado na horta.
A torre residencial começa a partir deste nível e distribui os demais usos coletivos. No sexto andar, voltado para a rua comercial de maior fluxo, fica a academia de ginástica com dupla altura, avistada por quem passa da rua. No 18o piso se localiza um salão de eventos, também com pé direito duplo, espaço para reuniões, a 55 metros da rua, aberto à cidade. À distância, visto desde muitos pontos da metrópole, percebe-se que acontece ali uma festa no alto. Por fim, piscina e sauna na cobertura, no topo, onde há mais sol, céu e vistas.
A organização dos andares possibilita flexibilidade para distintas configurações dos apartamentos, previamente desenhadas. Unidades simples pequenas, duplex maiores, unidas horizontalmente, ou seja, uma simples com uma duplex, ou mesmo duas simples. Com isso é possível acomodar famílias de muitos tamanhos.
Na face oeste, junto ao vizinho alto, implantou-se a torre de circulação. Demais fachadas, abertas para as ruas, são varandas contínuas. O clima de São Paulo torna apropriado esse espaço intermediário entre interior e exterior. Protege do sol excessivo e permite ventilação permanente em dias chuvosos. Essa proteção é reforçada pelos painéis metálicos perfurados de correr, que configuram a fachada a partir de seu próprio movimento e da variação das alturas dos apartamentos.